Résumé: O Homem que Queria Ser Howard Carter – Diário do Egito é uma obra muito pessoal, que é fruto do amor do autor pelo Egito e que nos conduz não apenas numa viagem física ao Egito contemporâneo, mas sobretudo numa expedição introspectiva ao âmago do próprio Rui Sousa. O autor português, movido por uma paixão antiga pelas terras dos faraós, parte em busca das areias e da luz do Egito, mas rapidamente o leitor se apercebe de que essa jornada se transforma num percurso interior carregado de simbolismo, memória e reflexão.
Desde os primeiros momentos do livro, fica claro que esta não é, pois, uma narrativa de viagem tradicional. As fronteiras entre o sonho e a realidade diluem-se, criando uma atmosfera onírica onde a paisagem egípcia se funde com os estados emocionais do protagonista Horácio. O deserto, os templos, o Nilo... tudo se transforma em metáforas visuais e narrativas de um mergulho pessoal, onde até há espaço para que figuras históricas e/ou mitológicas do Egito, como Anúbis, o rei Farouk, o sultão Saladino ou o escritor Naguib Mahfouz, aqui apareçam para dialogar com o protagonista, ao longo da sua estadia.
A escrita de Rui Sousa é um dos trunfos do livro. Trata-se de um texto maduro, poeticamente trabalhado, com frases que têm o dom de se entranhar na memória do leitor — verdadeiramente "quotable", portanto.
Rui Pinto in Vinheta2020